O mercado de carbono é para todos

Como pequenas empresas ou produtores rurais podem participar do mercado de carbono no Brasil?

O mercado de carbono no Brasil oferece uma oportunidade crescente para empresas de todos os portes e para produtores rurais contribuírem para a sustentabilidade e, ao mesmo tempo, gerarem uma nova fonte de renda.

Embora “compensar carbono” e “mercado de carbono” sejam termos muitas vezes associados às grandes corporações, essa iniciativa também é acessível para pequenos agentes que adotam práticas sustentáveis.

Produtores podem se beneficiar ao implementar estratégias que promovam a redução de emissões de carbono e o aumento do sequestro de CO₂.

Isso já é uma realidade na vida de quem produz no Brasil, com o uso eficiente de fertilizantes, manejo de pastagens e reflorestamento com espécies nativas.

É fundamental destacar que, nos últimos anos, o setor agropecuário no Brasil tem incorporado tecnologias que contribuem para a redução de emissões.

Um exemplo disso é o investimento em melhoramento genético do gado, permitindo o abate precoce, que reduz o tempo em que os animais emitem metano, um gás 30 vezes mais prejudicial que o dióxido de carbono.

Além disso, o uso de adubos biológicos nitrogenados tem substituído fertilizantes químicos, diminuindo a emissão de óxido nitroso – um gás 300 vezes mais nocivo que o carbono.

A integração lavoura, pecuária e floresta bem como a recuperação de pastagens degradadas são ações técnica e economicamente viáveis que vem sendo implementadas pelo agronegócio brasileiro que aumentou a produção sem desmatar nos últimos 50 anos.

Não estamos começando agora.

Pagamento por Serviços Ambientais como o BRC

Certificações e programas como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) são portas de entrada para o mercado de carbono.

Esses mecanismos permitem que pequenos produtores quantifiquem e monetizem suas contribuições ambientais.

Exemplo prático: Um produtor no Paraná manteve 20% de sua propriedade como floresta nativa e recebeu pagamentos anuais por venda de BRC por conservar a biodiversidade e capturar carbono.

Já é uma realidade em nosso estado desde 2023.

Contudo, Cooperativas e associações podem unir pequenos produtores para criar projetos coletivos de sustentabilidade. Isso reduz custos e aumenta o impacto.

Com o mercado de carbono regulado aprovado no Brasil, é crucial entender o impacto que o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) terá no agronegócio.

Esse sistema busca incentivar a redução de emissões e promover projetos que gerem desenvolvimento sustentável, criando créditos de carbono sem prejudicar o mercado voluntário de carbono que já opera no país.

Exemplo prático: Uma cooperativa desenvolveu um projeto de reflorestamento em áreas coletivas, certificou os ativos de carbono de seus produtores e por meio da Jiantan negociou melhores preços no mercado.

Startups e plataformas digitais estão facilitando o acesso de pequenos produtores ao mercado de carbono. Empresas como a Jiantan oferecem serviços que incluem medição, certificação e venda de ativos de carbono.

Fundada em 2022 em Maringá, a startup tem se destacado nesse cenário ao remunerar produtores rurais pela preservação de áreas de mata nativa.

Isso insere os produtores no mercado de carbono, conforme a legislação brasileira que permite o pagamento por serviços ambientais, como é o caso de remoção de carbono.

Exemplo prático: Um grupo de agricultores utilizou uma plataforma digital para monitorar a conservação de florestas nativas e vender ativos de carbono para empresas multinacionais.

Certificado de compensação Jiantan.

Investimento em tecnologia sustentável

Tecnologias como biodigestores e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) ajudam a reduzir emissões e gerar receitas.

Exemplo prático: Um pecuarista no interior do Paraná instalou um biodigestor para transformar os dejetos do gado em biogás, reduzindo as emissões de metano e vendendo ativos de carbono.

Aproveitar financiamentos e incentivos

Programas como o ABC+ (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) oferecem linhas de crédito com taxas reduzidas para produtores que adotam práticas sustentáveis.

O mercado brasileiro de carbono é único, uma vez que, ao contrário dos grandes emissores do hemisfério norte, onde a principal fonte de emissões é a energia, no Brasil o uso da terra é a principal causa.

Hoje, 24% das emissões brasileiras de carbono vêm da agropecuária e 51% da mudança no uso do solo.

No entanto, esses números são parte dos apenas 4% de contribuição do Brasil para o aquecimento global, sendo a agropecuária responsável por cerca de 0,95% das emissões mundiais.

Volume de emissões.

Ao remunerar produtores rurais pela preservação de áreas nativas, a Jiantan está mostrando que o agronegócio pode ser parte da solução para a crise climática.

Esse modelo de negócio, baseado na legislação brasileira, não apenas promove a sustentabilidade, mas também reforça o papel crucial do Brasil na preservação ambiental global.

O mercado de carbono representa uma oportunidade valiosa para pequenos produtores rurais e empresas que buscam contribuir para a sustentabilidade global.

A chave para o sucesso está na adoção de práticas sustentáveis, na busca por metodologias seguras e confiáveis e na colaboração com parceiros e programas de incentivo.

Pequenas iniciativas podem gerar grandes resultados, tanto para o meio ambiente quanto para a economia local.

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