O Brasil enfrenta um desafio monumental em reflorestamento — e a solução precisa ser inclusiva e atrelada a inovações financeiras, como a CPR verde, que tragam credibilidade para o nosso país.
Segundo o MapBiomas o Brasil tem 549 milhões de hectares de mata nativa (65% do território brasileiro) e segundo o PLANAVEG, o país precisa recuperar 21 milhões de hectares em reservas legais e áreas de preservação permanente, sendo: 8,1 milhões de hectares de vegetação nativa no bioma Amazônia, concentrada em poucas grandes propriedades; 6,2 milhões de hectares no bioma Mata Atlântica, distribuídos entre milhares de pequenas e médias propriedades que, infelizmente, ficam de fora do modelo de certificação internacional, voltado para grandes projetos.
Não podemos deixar que um sistema internacional pensado para certificar grandes áreas impeça que o uso de tecnologia acessível e a legislação ambiental brasileira possam dar a sua contribuição para que o Brasil atinja suas metas climáticas e promova justiça social, ambiental e econômica para quem vive e produz no campo.
O modelo brasileiro já existe, e está sendo implementado por iniciativas como a da Jiantan . Com apoio técnico, regulatório e financeiro, é possível transformar o Brasil em referência global na inclusão de produtores rurais no mercado de carbono.
É hora de trocar os mapas antigos por uma nova rota — mais justa, mais inteligente e verdadeiramente sustentável.
Nos últimos anos, um novo instrumento começou a transformar a forma como olhamos para o campo, a floresta e o financiamento sustentável no Brasil: a CPR Verde.
Mais do que um título de crédito rural, ela é um mecanismo que conecta quem protege o meio ambiente com quem busca resultados concretos em suas metas ESG.

O que é a CPR Verde?
Criada pela Lei 14.119/2021, a Cédula de Produto Rural Verde (CPR Verde) é um título que permite ao produtor rural oferecer o carbono existente ou adicionado à mata nativa de sua propriedade como garantia a um financiamento, assim como o produtor oferece em garantia a soja depositada em uma cooperativa, por exemplo.
Na prática, isso significa que o carbono das áreas conservadas de vegetação nativa ou de áreas reflorestadas segundo critérios técnicos é um produto da propriedade rural, assim como a soja ou o milho e pode lastrear operações de crédito.
Esse modelo promove uma mudança de paradigma: agora, o produtor não é valorizado apenas pela produção agrícola, mas também pela manutenção e recuperação de ecossistemas. É a natureza como ativo econômico — e não apenas como passivo regulatório.
Como funciona na prática?
Na Jiantan Remoção de Carbono, por exemplo, desenvolvemos um modelo de negócio que utiliza áreas de vegetação nativa conservadas ou restauradas como base para:
- Emissão de certificados de remoção de carbono;
- Criação de lastro para CPRs Verdes registradas na B3;
- Geração de receita para produtores rurais comprometidos com a agenda ambiental.
Esse modelo gera benefícios diretos para o produtor, que passa a ser remunerado pela conservação, sem abrir mão de sua vocação produtiva.
Além disso, conecta o campo ao mercado financeiro, permitindo que empresas adquiram ativos alinhados às suas metas ambientais e sociais.

Oportunidades para o setor financeiro
As CPRs Verdes representam uma janela estratégica para bancos e investidores:
- Aumento da carteira ESG;
- Geração de receita com impacto positivo;
- Acesso a recursos internacionais voltados à sustentabilidade;
- Fortalecimento da imagem institucional como agente de desenvolvimento sustentável.
Bradesco , Santander , BNDES e outras instituições já iniciaram projetos-piloto nesse sentido, em parceria com startups, ONGs e cooperativas.
Desafios ainda em aberto
Apesar do potencial, o mercado de CPR Verde ainda enfrenta obstáculos importantes:
- Desconhecimento de metodologias padronizadas para mensurar carbono evitado ou removido;
- Baixa liquidez no mercado, o que limita a circulação desses títulos;
- Carência de certificadoras adaptadas à realidade brasileira, o que compromete a rastreabilidade e a confiança nas operações.
A criação de metodologias brasileiras reconhecidas pelo Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) é fundamental para consolidar esse mercado.
O futuro da CPR Verde
Com apoio institucional, inovação tecnológica e regulamentação clara, a CPR Verde tem potencial para:
- Transformar o crédito rural em instrumento climático;
- Valorizar o pequeno produtor como protagonista da restauração ambiental;
- Ajudar empresas a atingir metas reais de descarbonização.
Estamos diante de um momento histórico, em que é possível unir produtividade, conservação e justiça social.
A floresta em pé tem valor. E agora, esse valor pode ser transformado em renda, dignidade e sustentabilidade para milhares de famílias no campo.
#esg #cprverde #agro #inovação #sustentabilidade #cooperativismo