Pequenos produtores podem ser excluídos do mercado de carbono em meio a polêmicas sobre fraudes na Amazônia

Nas últimas semanas, o mercado de carbono brasileiro voltou ao centro das discussões com denúncias de fraudes envolvendo grandes projetos na Amazônia.

Enquanto especialistas e autoridades buscam alternativas mais seguras e transparentes, surge um alerta preocupante: a possibilidade de pequenos e médios produtores rurais serem excluídos de um mercado que reconhece, em lei, o serviço ambiental prestado por suas áreas de vegetação nativa.

Propostas recentes defendidas tanto por ambientalistas quanto por grandes investidores privados, priorizam o pagamento por projetos de restauração ativa e não pela conservação das áreas já existentes conforme está previsto no Novo Código Florestal Brasileiro de 2012, na Política de Pagamento de Serviço Ambiental de 2021 e na lei que criou o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões em 2024.

A medida, embora importante para a recuperação de biomas degradados, pode inviabilizar a participação de mais de 99% das propriedades rurais brasileiras, que cumprem sua função ambiental preservando áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente.

Para João Berdu, CEO da startup ambiental Jiantan, é fundamental garantir o equilíbrio nas políticas de mercado de carbono. “A luta contra fraudes é legítima e necessária. Mas não podemos permitir que esse movimento retire dos pequenos e médios produtores o direito de serem remunerados por preservar suas florestas. A legislação brasileira reconhece esse serviço ambiental, e o país não pode abrir mão de milhares de propriedades espalhadas em todos os biomas, que contribuem diariamente para a remoção de carbono da atmosfera”, afirma.

A Jiantan desenvolveu um sistema de rastreamento online de pagamentos ambientais, conectando pequenos produtores rurais a empresas interessadas em compensar suas emissões de carbono. O modelo descentralizado é uma alternativa segura, transparente e compatível com a realidade fundiária e ambiental do Brasil.

A startup defende que o combate às irregularidades caminhe junto à valorização das boas práticas de conservação já existentes no país. “Precisamos de um mercado de carbono inclusivo e equilibrado, onde reflorestamento e conservação sejam valorizados de maneira proporcional, respeitando a diversidade ambiental e social do Brasil rural”, complementa Berdu.

Sobre a Jiantan:
A Jiantan é uma startup ambiental que atua no mercado de carbono brasileiro, remunerando produtores rurais pela remoção de carbono realizada por áreas de vegetação nativa. Por meio de um sistema digital e descentralizado, conecta produtores de todos os portes a empresas comprometidas com a sustentabilidade.

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