Tropical Forest Forever Facility (TFFF): uma oportunidade para remunerar quem preserva
É compreensível que o atual Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MAA) tenha seu foco na Floresta Amazônica. No entanto, seria surpreendente se o MAA levasse para a COP30 Brazil os resultados do bom trabalho de preservação ambiental que o agronegócio brasileiro realiza há mais de 50 anos.
Por isso, não espero que o MAA inclua em seu planejamento a atuação responsável do agronegócio brasileiro. E acredito que você, leitor e defensor do setor, também não conte com isso.
Tropical Forest Forever Facility e o mercado de carbono
Por outro lado, o Tropical Forest Forever Facility (TFFF) representa uma boa notícia. A proposta do TFFF, que será apresentada pelo Brasil na COP 30, traz um avanço importante ao considerar a remuneração pela preservação de florestas tropicais e subtropicais, incluindo Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.
Além disso, o TFFF prevê o uso de tecnologia, como imagens de satélite, para confirmar a preservação. Esse é o mesmo tipo de solução utilizada pela Jiantan para quantificar o serviço ambiental de remoção de carbono, garantindo rastreabilidade e transparência.
Outro ponto positivo é que o TFFF possibilita a inclusão de propriedades rurais do Sul e do Centro-Oeste no mercado de carbono, criando uma oportunidade real de remuneração para pequenos e médios produtores.
Base legal e alinhamento com o mercado regulado
Vale lembrar que a remuneração do serviço ambiental de remoção de carbono já está prevista no Novo Código Florestal Brasileiro (2012).
Inclusive, a Jiantan contribuiu para a consulta pública realizada pelo MAA sobre a regulamentação da Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (Lei 14.119/21). Na ocasião, alertamos que a versão proposta não contemplava a remuneração da preservação de florestas por meio do serviço ambiental de remoção de carbono.
Esse ponto é relevante porque o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (Lei 15.042/24) já prevê a emissão de créditos de carbono para áreas de reserva legal e preservação permanente.
Portanto, ao prever a remuneração pela preservação, o TFFF reforça a necessidade de alinhamento entre a regulamentação da Lei 14.119/21 e o mercado regulado de carbono.
Desafios e oportunidades para os produtores rurais
A Jiantan também participou da consulta pública ao Plano de Descarbonização da Economia Paranaense, cuja versão atual não prevê o pagamento pela preservação de florestas.
Esse descompasso afeta diretamente pequenos e médios produtores, que são a maioria no Brasil: 99% das propriedades têm menos de 1.000 hectares (IBGE, 2017). Só no Paraná, a área média das propriedades cadastradas no CAR é de 36,37 hectares, totalizando 4,3 milhões de hectares de mata nativa em áreas de reserva legal e preservação permanente (SICAR, 2025).
O Tropical Forest Forever Facility permite corrigir essa distorção, trazendo pequenos produtores para o centro da agenda climática e reconhecendo o papel do agronegócio na preservação ambiental.
Dimensão global do TFFF
O TFFF prevê US$ 4 bilhões por ano para a preservação de florestas tropicais e subtropicais no mundo.
No mundo, existem 1,8 bilhão de hectares de florestas tropicais e subtropicais (FAO, 2020), sendo 553 milhões no Brasil (MapBiomas, 2025). Se o valor fosse distribuído igualmente entre todos os detentores de floresta, a remuneração seria de US$ 2,22 por hectare por ano.
Ainda que o valor seja baixo, ele cria um mecanismo de mercado, baseado em resultados e com métricas claras, para incentivar a preservação.
Jiantan: alinhada com o TFFF e pronta para o mercado regulado
A Jiantan já paga aos produtores cadastrados em sua plataforma US$ 5,88/ha/ano, garantindo a remoção de 4,55 tCO₂/ha/ano de mata preservada na Mata Atlântica. Até 70% da receita da venda dos créditos é destinada diretamente ao produtor.
Nosso modelo de negócio está em sintonia com o Tropical Forest Forever Facility, garantindo que a remoção de carbono seja real, quantificável, adicional, rastreável, permanente e comercializada apenas uma vez. Tudo isso com tecnologia de satélite e blockchain.
Precisamos valorizar quem preserva
Não espero que o MAA dê espaço para a abordagem da Jiantan ou para a inclusão de pequenas e médias propriedades rurais no mercado de carbono.
Mas o Tropical Forest Forever Facility abre espaço para que empresas, governos e sociedade reconheçam e remunerem o serviço ambiental prestado pelo agronegócio brasileiro. Apoiar iniciativas como essa é essencial para que o país avance na transição para uma economia de baixo carbono e fortaleça o papel do produtor rural na preservação ambiental.
